Mas, apesar destes dados, entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS) dedicam a maior parte das suas pesquisas a doenças infecciosas, como a malária a tuberculose. Apenas quatro por cento do orçamento da OMS é dedicado a doenças não infecciosas.
“A prevenção de incapacidades e mortes causadas por doenças não transmissíveis são objecto de pouca atenção”, escrevem os peritos no artigo da “Nature”, citado pela AFP, vincando que a maior parte das doenças visadas neste texto podem ser evitadas através de uma mudança nos hábitos de vida e tendo acesso a tratamentos farmacêuticos comuns.
Ainda que reconheçam que o aumento da esperança de vida tem influência do crescimento destas doenças, os peritos consideram que 17 milhões de mortes prematuras podem ser evitáveis através da prevenção. Segundo o “The Guardian”, os autores do relatório também apontam consequências económicas para os países: nos próximos dez anos, estas patologias podem custar ao Reino Unido mais de 22.262 milhões de euros, 159.885 milhões à China e 376.437 milhões à Índia.
De acordo com o jornal britânico, os 155 peritos recomendam na “Nature” várias medidas para evitar este cenário catastrófico: transformar a base de actuação dos sistemas de saúde – maior aposta na prevenção em vez dos tratamentos à posteriori –, promover modos de vida saudáveis, tomar medidas para combater o consumo de álcool, tabaco e alimentos não saudáveis e avançar com acções de mitigação dos efeitos da pobreza e urbanização na saúde.
Apesar de estas medidas já fazerem parte de muitos programas de promoção da saúde, autores e financiadores do relatório consideram que estão a ter poucos resultados, porque não estão integrados uns com os outros. “Sem um mapa estaremos todos a conduzir em direcções diferentes. Estes problemas requerem compromissos a longo prazo e um esforço coordenado entre agências financiadoras, de modo a estabelecer prioridades claras”, afirmou, citado pelo “The Guardian”, o co-autor Peter Singer, director interino do Centro McLaughlin-Rotman para a Saúde Global, instituto de Toronto, Canadá.
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