A depressão atinge duas vezes mais as mulheres do que os homens. Os sintomas são físicos, emocionais, cognitivos e ao nível do comportamento, em cerca de 69% dos casos há sintomas físicos, inclusive com dores associadas, e pode ocorrer em simultâneo com outras doenças como a bipolar, em que o paciente varia entre picos de euforia seguidos de períodos de profundo desânimo e desinteresse pela vida.
"A depressão afecta ao longo da vida cerca de 10% a 25% das mulheres, cerca de metade da percentagem que atinge os homens", acentuou Pedro Afonso, psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, ontem, numa conferência aberta aos jornalistas, em Lisboa.
Trata-se de uma doença ainda sub-diagnosticada, porque é confundida com mera tristeza, não sendo, por vezes, tratada do modo mais adequado. A multiplicidade dos sintomas dificulta acertar no diagnóstico.
Um dos sintomas mais comuns é a insónia que atinge de 5% a 10% dos portugueses, "o que faz supor que haja em Portugal 500 mil a um milhão de pessoas com esta alteração do sono", assinalou Pedro Afonso, antes de referir que "a insónia aumenta bastante com a idade" e com o stress.
Bipolares mais complexos
Além da propensão genética, a depressão pode ter origem biológica - resultando de outra doença ou da toma de certos fármacos - ou psicossocial. Como a perda real ou imaginária de alguém ou de algo (morte, divórcio, emprego).
"O objectivo do tratamento é a remissão da doença e evitar recorrências", concluiu o médico, sendo corroborado pela vice-presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Um deprimido "está na lista de espera para ser bipolar", disse Luísa Figueira, sendo casos "que podem levar dez a 11 anos a ser diagnosticados".
A hipomania é o sintoma mais evidente. Revela-se em compras ou velocidades rodoviárias excessivas e em actos de risco, até a nível sexual e na oscilação brusca de humor, sem motivo.
A sensação de euforia causa dependência e leva à procura do álcool ou drogas, como o haxixe e a cocaína, para a sentir de novo. Na depressão bipolar, pode não haver desalento e inércia, mas hiperactividade e as moderadas são mais difíceis de detectar e não são os anti depressivos que a originam.
Sintomas indicativos de depressão moderada Além do mau humor, de baixa auto-estima e falta de atenção e concentração, a depressão pode manifestar-se em alterações do sono, perda de interesse pelos prazeres, do sexo, da leitura e do lazer em geral.
Dores inexplicáveis e pensamentos mórbidosA depressão pode traduzir-se na redução do apetite e do peso, em ideias pessimistas quanto ao futuro e de culpa ou inutilidade pessoal. Pode, nos casos mais graves, provocar dores físicas inexplicáveis (de cabeça, costas, pescoço, estômago, intestinos) e originar pensamentos de auto-agressão ou até de suicídio.
Da melancolia profunda aos acessos de euforiaNa escala das perturbações do comportamento, se não for tratada, a depressão moderada dá lugar à depressão grave. Quando há sinais de euforia, o doente entra em hipomania (ler texto) que se se agravar, leva às manias de cariz obsessivo.
Em 2020, será segunda maior causa de doençaA Organização Mundial de Saúde estima que, em 2020, a depressão unipolar profunda será a segunda maior causa de doença em todo o Mundo, depois dos problemas cardiovasculares.
Fonte:
Diario de Notícias (DN-Sabado 14, Abril)